PROGRAMA PASTORAL DIOCESANO 2021-2022
Caríssimos Diocesanos:
1 - Vamos responder com a nossa vida, no próximo ano pastoral, a esta pergunta que o Senhor fez aos Seus discípulos na última Ceia, depois de lhes ter lavado os pés: Compreendeis o que Eu vos fiz?
Além do significado mais habitual de entender, compreender significa também amar e guardar no coração aquilo que o Senhor realizou, para o podermos imitar. Ele, o Senhor e o Mestre, assumiu a condição de servo para fazer o que é próprio do escravo. Não Se limitou a dar-nos conselhos, mas Ele próprio Se adiantou a fazer aquilo que nós, como Seus discípulos, devemos fazer, imitando-O.
Compreendeis o que Eu vos fiz? Compreendeis o Amor, a Caridade com que Eu vos amei ao ocupar o último lugar da terra ao lavar-vos os pés e ao morrer crucificado por amor de vós?
Hoje, nesta nossa sociedade, é normal confundir-se a Caridade com a solidariedade. Tendo-se, em certos meios, ridicularizado e reduzido a Caridade à caridadezinha, dá-se preferência à justiça social e à solidariedade, tomadas por muitos como sinónimo e até como algo mais excelente que a Caridade.
A solidariedade é uma atitude humana, positiva e boa, que nos leva a dar atenção e a servir quem precisa. Tem a ver com solidez, com o permanecer firme junto dos necessitados, pronto a ajudá-los. Para muitos é uma virtude que não precisa da religião e que veste muito bem, socialmente, quem a pratica. Essa virtude começa e termina no ser humano.
2 - A Caridade é uma virtude teologal. É dom de Deus. A Caridade é ponto de chegada do percurso da Fé e da Esperança. Mas é também o ponto de partida para a Fé. Só o Amor é digno de Fé (H. U. von Balthasar). Só quem se reconhece amado por Deus pode acreditar n’Ele e esperar que Ele cumpre as Suas promessas. Apenas quem recebe e agradece o amor de Deus pode amar os inimigos dando por eles a sua vida.
Nisto conhecemos o Amor: Jesus deu a Sua vida por nós, e nós devemos também dar a vida pelos nossos irmãos. Estas palavras da 1ª carta de S. João dizem-nos claramente, o que é a Caridade. DEUS É CARIDADE! Deus é amor, Deus é amor em ação. Pratica a Caridade quem dá a Deus espaço para agir na sua vida, na sua existência. E não apenas espaço, mas também um corpo com cabeça, tronco e membros dóceis e obedientes ao Espírito Santo, membros que aprenderam essa obediência no ser discípulos de Jesus, no ser filhos adotivos de Deus.
3 - Caros diocesanos: os programas pastorais da nossa Diocese, nos próximos três anos, convidam-nos a conhecer, a viver e a praticar a Caridade. O grande objetivo destes programas é, antes de mais, motivar-nos a dar espaço a Deus em nossas vidas, em nossas famílias, em nossas paróquias, em nossa diocese.
Deus é humilde: se a soberba se manifesta nas nossas atitudes, Ele desaparece. Se a avareza e a luxúria, se a ira e a gula, a inveja e a preguiça são as normas dos nossos comportamentos e se vivemos para nós mesmos, Deus desaparece do horizonte, experimentamos o que é o inferno e tornamo-nos presença do inferno onde quer que estejamos. Pelo contrário, se existe docilidade ao Espírito Santo e nos tornamos humildes, misericordiosos, castos, pacientes, moderados e diligentes, tornamo-nos Cristãos, portadores de Cristo, homens ou mulheres habitados por Deus, presença do céu onde quer que estejamos. Não existe outro caminho para nos conduzir à Vida Verdadeira, à Verdadeira Caridade que é Deus.
4 - A Caridade, que é Deus, não é algo que nós possuamos. Ela é que nos possui. Quando alguém é possuído por ela deixa de viver para si mesmo, e isso vê-se nas obras que pratica. Neste campo, há que mencionar a Cáritas Diocesana, os grupos paroquiais como a Cáritas Paroquial, as Conferências Vicentinas, as Santas Casas da Misericórdia, os Centros Sociais Paroquiais.
Há certamente um trabalho a ser feito. Nestes três próximos anos iremos trabalhar nesse sentido.
+ José João Marcos, Bispo de Beja
Objetivo Geral:
Redescobrir e compreender o sentido da Caridade, segundo o mandamento de Jesus.
Objetivos específicos e linhas de ação:
1º. No pós-pandemia reafirmar a paróquia como comunidade de fé, celebrativa e de caridade, sinal da presença de Jesus Cristo no mundo, com a novidade do Evangelho.
- Focar a Igreja como lugar seguro, de encontro presencial, que acolhe e acompanha a quem dela se aproxima
- Valorizar o anúncio da Boa Nova, propondo a mesma com frescura e entusiasmo
- Valorizar a beleza dos ritos celebrativos
- Abrir o caminho da sinodalidade, através dos conselhos pastorais paroquiais
- Elaboração de um plano paroquial, com base no programa pastoral diocesano
- Valorizar as expressões de religiosidade popular, dotando-as do sentido eclesial
2º. Aprofundar na Diocese o sentido da Caridade
- Redescobrir a Doutrina Social da Igreja partindo das Encíclicas Fratelli Tutti, do Papa Francisco e Deus Caritas est, do Papa Bento XVI
- Tornar mais presente na vida das comunidades os Serviços e Movimentos da Pastoral Social existentes
- Cáritas Diocesana e Cáritas Paroquiais
- Conferências Vicentinas
- CDJP – Comissão Diocesana Justiça e Paz
- Grupos dos visitadores dos doentes
- Grupos dos visitadores dos presos
- Grupos de apoio aos migrantes: JRS Portugal – Serviço Jesuíta aos Refugiados e Obra Católica para as Migrações
- Consolidar a solidariedade da Igreja local com a Igreja universal (através da partilha nos ofertórios consignados, renúncia quaresmal, entre outros)
- Redescobrir e valorizar o Diaconado como serviço específico da Caridade
- Iniciar um novo grupo de formação para diáconos permanentes
3º. Envolver a Igreja diocesana e a sociedade no caminho de preparação e vivência da JMJ 2023
- Convidar para a JMJ e envolver todos os jovens, sem exceção, dando-lhes a conhecer Jesus Cristo
- Ajudar os jovens a fazerem caminho até e após a JMJ, através de catequeses, oração, cultura, desporto e missão
- Unir e envolver toda a comunidade eclesial, desde os mais novos aos mais velhos, na preparação pastoral da JMJ
- Corresponsabilizar todos os serviços diocesanos e movimentos juvenis
- Pastoral Juvenil Diocesana
- Pastoral do Ensino Superior
- Pastoral Vocacional
- Catequese (Nível Diocesano e Nível paroquial)
- Movimentos Juvenis (Convívios Fraternos, CNE)
- EMRC, entre outros.
- Corresponsabilizar todos os serviços diocesanos e movimentos juvenis
- Criar e consolidar estruturas para a receção e dinamização dos jovens que farão a Pré-Jornada na nossa diocese
4º. Biénio Vocacional na Província Eclesiástica de Évora
- Criar os grupos/equipas de pastoral vocacional nas paróquias e/ou nos arciprestados;
- realizar encontros vocacionais arciprestais
- Relacionar e abrir os nossos Seminários à Diocese
- missa semanal aberta à comunidade diocesana;
- adoração eucarística ou tempos de oração pelas vocações;
- convidar os grupos de catequeses e jovens a visitar o Seminário;
- Incluir a dimensão vocacional, de modo explícito, nas ações da Pastoral Juvenil, da Pastoral Universitária e da Pastoral Familiar
5º. Viver os acontecimentos marcantes da vida eclesial e local
- Ano de São José (padroeiro da Diocese de Beja)
- Criar equipa de Pastoral Familiar Diocesana
- Recriar a Escola de Ministérios, envolvendo os vários secretariados diocesanos
- Celebrar o Centenário da entrada do Senhor D. José do Patrocínio Dias na Diocese de Beja
- Peregrinação Diocesana a Fátima