A Paróquia e a Diocese
A Paróquia compreende-se na sua relação permanente com a Igreja particular ou diocese, unidade eclesial completa e comunidade evangelizadora essencial e plena (CD 11). Os cristãos de um determinado território, rural ou citadino, pela Paróquia, vivem a comunhão de fé, culto e missão com a Igreja diocesana. Ela é um elemento básico da Igreja particular, de tal modo que a Exortação Apostólica pós-sinodal ChristifidelesLaici (nº 26) nela coloca a “expressão mais imediata e visível” da comunhão eclesial, acrescentando a necessidade de que “todos redescubramos, na fé, a verdadeira face da Paróquia. Ainda que pobre nas pessoas e nos seus meios, dispersa por vastos territórios ou escondida na modernidade de bairros “populosos e caóticos”, ela será sempre a família de Deus, animada pelo espírito de unidade, chamada a apresentar-se como “uma casa de família, fraterna e acolhedora”, idónea para celebrar a Eucaristia.
Normalmente, a Igreja particular ou diocese organiza-se, local e territorialmente através da rede paroquial. O núcleo essencial da paróquia não se encontra nos grupos selectos, nem nas pequenas comunidades comprometidas mas antes no “comum do povo cristão”.
Vida cristã e Paróquia
É difícil entender uma vida cristã sem Paróquia, à margem da Paróquia ou contra a Paróquia, dado que esta é a instituição principal da acção pastoral da Igreja, ao ponto de quase ser impossível ignorar que ela é o canal mais importante de informação e comunicação eclesial para todos os cristãos, incluindo os não praticantes (CT 67). Face ao número daqueles que reúne semanalmente e dos agentes pastorais que mobiliza, as catequeses, as celebrações dos sacramentos e a prática da caridade não há lugar para dúvidas quanto à sua consideração como espaço básico de referência religiosa.
A paróquia, enquanto comunidade de fé, culto e missão, continua a obra salvadora de Jesus Cristo num determinado lugar e, por conseguinte, não podemos menosprezar a importância da sua estrutura pastoral, dado que é nela que, normalmente, os crentes encontram a oportunidade para alimentar e celebrar a sua fé, viver e actuar cristãmente. De certo modo, a paróquia “representa a Igreja visível estabelecida por todo o mundo” (SC 42) e é a “célula da diocese” (AA 10). Nela, o Povo de Deus encontra o apelo à realização da sua missão profética, sacerdotal e real.
As severas críticas ao sistema paroquial, surgidas após o Vaticano II, ao ponto de alguns terem proposto uma “Igreja sem Paróquias” não tiveram razão, sendo preferível colocarmo-nos do lado de quantos nelas trabalham, não se poupando aos contínuos esforços em favor da sua renovação e a afirmação como “comunidade de comunidades”.
António Novais Pereira