O Valor de uma vida entregue
Conheci o Sr. D. Anacleto Oliveira no ano de 2004 quando me convidou a falar, nas férias do Carnaval, na Semana de Estudos do ISET de Coimbra de que ele era diretor, num dia regelado de fevereiro. Depois, quando foi bispo auxiliar de Lisboa, trabalhei com ele num grupo que o Senhor Patriarca D. José Policarpo encarregou de estudar os tratamentos pastorais das pessoas com possessão diabólica e problemas afins. Desse tempo, lembro-me também de um retiro sobre alguns salmos, que ele pregou aos seminaristas dos Olivais. E agora, como bispo, integro a Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade a que ele presidia.
Ele era formado em Sagrada Escritura. Dou testemunho de que, nele, a Palavra de Deus e a vida concreta caminhavam juntas. De trato afável mas muito seguro de si mesmo, D. Anacleto escutava os outros com atenção. A sua inteligência e a sua caridade sempre me seduziram, e posso dizer que facilmente adotava como minhas muitas das suas opiniões. Na breve celebração que fizemos ao receber o seu corpo na catedral de Beja quando saiu da casa mortuária do hospital onde foi autopsiado, escutámos as palavras de Jesus aos seus discípulos: para onde Eu vou, vós sabeis o caminho. Sim, Dom Anacleto sabia o caminho, conhecia Jesus Cristo, o Caminho que percorreu e anunciou ao longo da sua vida entregue. Vida entregue e fecunda, vida valiosa pelos muitos frutos que produziu e que, por obra do Espírito Santo, continuará a produzir.
D. João Marcos, Bispo de Beja