PRÁTICA DOMINICAL NA DIOCESE DE BEJA

 

1. Posicionamento Religioso nos Censos Gerais da População

Nesta Diocese, descristianizada ou precariamente evangelizada, a população Católica, constituída pelos baptizados na Igreja Católica e que não renegaram da sua fé, inclui certamente não apenas os de prática dominical regular e irregular – por ocasião dos actos sociais – mas também os que se declaram estatisticamente católicos, porém de prática nula ou quase nula. Nos últimos doze anos aumentaram não apenas os que seguem outras religiões, (de dois para três por cento) como também os sem religião (16,12 %), em 2011. Nos Recenseamentos Gerais da População de 1981,1991, 2001 e 2011, Beja é uma Diocese com elevada percentagem de população maior de quinze anos que não responde sobre a religião a que pertence (41,7 %, 34,7 %, 17,6% e 13,32%) revelador da tendência a privatizar a religião. No entanto, é de salientar a diminuição progressiva e significativa, de 41,7 %, em 1985, para 17,6%, em 2011. Dos que responderam, no Baixo Alentejo, diziam-se católicos 81,92 % e, no Alentejo Litoral, 77,03%. Em 2011, dos que se declararam sem religião, os índices mais elevados, encontramo-los no Alentejo Litoral (15,50%) e os mais baixos no Baixo Alentejo (12,79%). Com base nos declarantes, de sublinhar, em 2011, o aumento da expressão dos Ortodoxos e Protestantes (1,77 %), comparativamente a Censos anteriores (0,84 % em 1991 e 0,66% em 2001) que conjuntamente, ainda têm um índice inferior a outras Confissões Cristãs (1,78%). Em números ainda bastante inferiores a Religião Judaica (0,03 %), a Muçulmana (0,12 %) e outras religiões não cristãs (0,35 %).

2. Prática Dominical

Estamos perante a Diocese portuguesa com menor índice de prática Dominical. Tendo revelado uma tendência para a estabilização da percentagem entre 1985 e 2001, depois de um aumento progressivo desde 1977, verificou-se uma desaceleração do crescimento da prática Dominical já em 1991 e, na década que se seguiu, (1991-2001), nada nos permite afirmar que possa ter havido quaisquer aumentos reais no índice da prática Dominical. Nos totais e acima da média Diocesana (5,09 %) encontramos os Arciprestados de Beja (com 5,71 %), Cuba (com 6,02 %) e Moura (com 6,79 %). Fazendo a leitura dos índices por Concelhos, e por ordem alfabética, igual ou acima da média Diocesana, os Concelhos de Almodôvar (6,05 %), Alvito (10,85 %), Barrancos (6,71 %), Beja (5,71 %), Cuba (6,62 %), Mértola (5,45 %), Moura (6,97 %), Ourique (6,86 %), Serpa (6,63 %) e Vidigueira (5,85 %). Com menor prática Dominical os Concelhos de Castro Verde (3,18 %), Santiago do Cacém (3,31 %), Sines (3,49 %), Ferreira do Alentejo (4,30 %), Aljustrel (4,43 %), Odemira (4,54 %) e Grândola (4,71 %). Discriminando por sexos, encontramos em todos os escalões etários, uma prática Dominical mais elevada nas mulheres do que nos homens, sendo o Arciprestado de Moura, com 10,84 % nas mulheres, e o de Beja, com 2,84 % nos homens os que apresentam os índices mais elevados. Considerando as idades, encontramos os índices mais elevados nas crianças em idade de catequese (entre os 7 e os 14 anos, com 10,26 %), com quebra acentuada a partir dos quinze anos (2,82 %, dos 15 aos 24 anos; 2 %, dos 25 aos 39 anos; 3,27 %, dos 40 aos 54 anos e 5,48 %, dos 55 aos 69 anos), sendo registado um aumento da prática dominical na população com setenta e mais anos de idade (8,5 %, em 2001 e 11,35 %, em 2013). O desajustamento da prática pastoral atinge a infância e adolescência (7 – 14 anos) sobretudo nos Concelhos de Grândola (4,24%), Castro Verde (4,87 %) e Sines (5,42 %). Este desajustamento, ao nível da Diocese, acentua-se ainda mais nas idades entre os quinze e vinte e quatro anos, (2,82%) bem como entre os vinte e cinco e trinta e nove anos (2%) A fase etária dos 7 aos 14 anos, representa 15,84 % nas Assembleias Dominicais Diocesanas, baixando drasticamente entre os quinze e vinte e quatro anos (5,18%), para continuar a subir a partir dos quarenta anos e atingir a sua máxima expressão na população com setenta e mais anos de idade (29,83%). A partir de 1985 verificamos uma quebra na percentagem do sexo feminino (15-24 anos) dentro do grupo dos jovens praticantes (em 1977, 76 %; em 1985, 77 %; em 1991, 73 %; em 2001, 71 %, em 2013, 68,14%). Os dados do RPD, realizado em Novembro de 2013, permitem concluir que aproximadamente 97,88 % das populações juvenis residentes (15-24 anos) não frequentam a missa ao Domingo, poucos terão feito a Primeira Comunhão e, em percentagem bastante inferior a recepção do Sacramento do Crisma, a atestar pela comparação da população residente com as celebrações das Confirmações. Apesar do aumento significativo da celebração deste Sacramento, principalmente a partir de 2009, verifica-se a presença de menos jovens nas assembleias dominicais (2,82%, entre os 15 e 24 anos e 2%, dos 25 aos 39 anos de idade. O número de Comunhões entre os participantes nas celebrações Dominicais é elevado, uma vez que comungam aproximadamente 58,92 %. A nível Diocesano, o índice mais elevado de comungantes (71,40 %) encontramo-lo na idade entre os 15 e 24 anos e, nas percentagens de comungantes homens e mulheres, as maiores diferenças verificam-se nas idades dos 55 aos 69 anos (com 60,19 % nas mulheres e 51,63 % nos homens) e com setenta e mais anos de idade, (com 51,44 % nos homens e 63,88 % nas mulheres). 

António Novais Pereira

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