Ao longo deste Tempo da Páscoa, a liturgia vai-nos descobrindo diferentes realida-des sacramentais, no sentido em que nos permitem perceber como se torna presen-te o Senhor no «hoje» da Igreja. Este domingo convida-nos a observar a missão pas-toral da Igreja como presença do Ressuscitado. Jesus confiou à Igreja o anúncio da Boa Nova da Ressurreição, mas não sem a sua implicação nem a sua presença. No evangelho escutamos que a pesca dos discípulos concluía com um estrepitoso fra-casso. É a imagem da Igreja auto-referencial. Uma Igreja que não tenha Cristo como princípio e fim do seu ser e da sua tarefa no mundo, não poderá ser sacramento do Ressuscitado e o seu ministério evangelizador será baldio. É a presença do Ressusci-tado que converte o desastre em êxito extraordinário. «Lançai a rede». O imperativo do Senhor continua a ressoar na comunidade dos discípulos, geração após geração, como sinal de que, a sua participação pessoal, liberta a Igreja da tentação de se constituir numa instituição secular ou mundana. O Senhor não Se desliga da tarefa evangelizadora da Igreja. Por isso, temos de realizar a nossa missão a partir de uma confiança serena. Mas a confiança não abunda entre nós que nos sentimos em cam-po aberto, lutando à noite, inclusive com a falta da ténue luz da lua que oriente os nossos esforços, e sem que obtenhamos resultados visíveis.